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Feito de mulheres para mulheres: queremos fazer a diferença!

Atualizado: 30 de mai. de 2021

por Gisele Elis Martins


Lutar pela preservação ambiental e pelos direitos da mulher é uma batalha antiga. Como mulheres, mães e ambientalistas vínhamos há muito tempo nos envolvendo em projetos de defesa do meio ambiente, mas o desejo de ter algo feito por nós já existia. Foi quando, resolvemos unir essa luta ambiental com a busca diária que vivemos por ter direitos iguais como mulheres.



E nessa temática socioambiental, queremos nos dedicar ao tema Mudanças Climáticas, sob uma perspectiva ecofeminista. Por inúmeros motivos, entre eles, pela urgência dessa crise ambiental sem precedentes, por entender que ainda existe um grande vácuo de informações sobre o tema, acreditar no potencial destrutivo da crise climática a longo prazo, e em especial, para os mais vulneráveis como as mulheres, pelo futuro do planeta e dos nossos filhos, acreditar que podemos ajudar a difundir a informação de forma simples e didática, e acima de tudo, por enxergar que nós mulheres precisamos ocupar nossos espaços de poder, de decisão e temos um forte potencial para fazer a diferença nessa causa.


A emergência climática ficou um tanto ofuscada com a pandemia, mas em 2021 voltou a ser tema dos principais debates mundiais. De acordo com 20 pontos de uma análise feita por mais *de 50 especialistas, publicado na revista The Economist, entre as principais tendências para 2021, está a mudança da pauta COVID-19 para Mudanças Climáticas, considerado um tema que será muito discutido e apoiado.

A emergência climática ficou um tanto ofuscada com a pandemia, mas em 2021 voltou a ser tema dos principais debates mundiais. De acordo com 20 pontos de uma análise feita por mais *de 50 especialistas, publicado na revista The Economist, entre as principais tendências para 2021, está a mudança da pauta COVID-19 para Mudanças Climáticas, considerado um tema que será muito discutido e apoiado.


Estamos vivendo uma crise climática, historicamente advinda das emissões de gases do efeito estufa desde a revolução industrial e acentuada com o passar do tempo pela ação e modos de vida humana. Esta crise, para além de ambiental, define também crises sociais, políticas e econômicas. Essas consequências afetam de forma desigual as mulheres em todo o planeta. Neste sentido, é impossível falar de combate às alterações do clima sem evidenciar e travar uma batalha contra a desigualdade de gênero.


Segundo o Observatório do Clima, organização não governamental que trata dos assuntos referentes às mudanças climáticas no Brasil e no mundo, as alterações climáticas são percebidas e vivenciadas de formas diferentes pelas pessoas, segundo o gênero, classe, raça, etnia, localização geográfica, idade, entre outros fatores. Olhar a crise climática sob uma perspectiva transversal e de gênero, ajuda a entender as vulnerabilidades específicas, bem como propor soluções que possam alcançar as mulheres e outras populações minoritárias (outras minorias).


Como maior parcela da população mundial pobre, as mulheres são mais dependentes dos recursos naturais ameaçados pelas alterações do clima. Elas têm acesso desigual a esses recursos e pouca participação na tomada de decisões em todos os âmbitos. São as mais afetadas pelo aquecimento global e suas implicações, principalmente em zonas rurais. Estatisticamente desastres naturais matam mais mulheres do que homens, além delas sofrerem todo tipo de pressão social, econômica e política que limitam sua capacidade de se adaptar a essas mudanças. Reconhecer a dimensão e audiência deste desafio é potencializar a luta contra as injustiças estruturais em relação a gênero e clima.


Um estudo recente (2020) conduzido pela International Union for Conservation of Nature - IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) concluiu que as mudanças climáticas e a degradação ambiental estão contribuindo para o aumento da violência contra mulheres e meninas e a discriminação de gênero está prejudicando a capacidade global de enfrentar a crise do clima. O relatório é considerado o maior e mais abrangente já feito sobre as relações de gênero e a crise do clima.


O debate sobre o assunto costuma ter pouca visibilidade no cotidiano da maioria das pessoas, tornando-se assim distante do conhecimento popular. Ainda de acordo com o Observatório do Clima, através do Grupo de Trabalho direcionado à questão de Gênero e Clima, o assunto da mudança climática muitas vezes remete às narrativas específicas, de calotas de gelo se desprendendo e a ursos polares em sofrimento. Essas são imagens verdadeiras, mas, além de distantes da realidade brasileira, também são insuficientes para sensibilizar e mobilizar a sociedade quanto à problemática que afeta as mulheres em si.


Ainda, de acordo com o estudo do IUCN, publicado em 2020, as tentativas de enfrentar a crise climática fracassam porque as questões de gênero não são abordadas. Esses dados reforçam a importância de lutar contra a violência de gênero em todas as suas formas e demonstra que os dois problemas precisam ser tratados juntos, a fim de entender e atender a estas questões relacionadas.


Complementando a urgência e importância do tema, o Plano de Ação de Gênero, divulgado em 2019 pela UNFCCC na COP 25 em Madri, estabelece objetivos e atividades em cinco áreas prioritárias, visando o avanço do conhecimento e da compreensão da ação climática sensível às questões de gênero. Entre as cinco áreas prioritárias, duas delas estão diretamente ligadas aos objetivos do projeto Mulheres Unidas pelo Clima Brasil. São elas: 1) capacitação, gestão do conhecimento e comunicação; 2) igualdade de gênero, participação e liderança feminina.


Nesta perspectiva nasce o Mulheres Unidas pelo Clima - MUC Brasil, propondo ações de comunicação e educação ambiental que divulguem informações de forma leve e prática, traduzindo a temática para o cotidiano das mulheres, gerando sensibilização e mobilização. Ainda, este projeto está alicerçado em dois importantes Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) - Igualdade de gênero e Ação contra a mudança global do clima - dentre outros que complementam o propósito do MUC Brasil.


Assim, de forma ativa, buscamos discutir soluções para este problema no Brasil, procurando inserir as mulheres no processo de tomada de decisão, capacitação e fortalecimento de associações do gênero dentro das comunidades. Estes são alguns exemplos de ações que o MUC BRASIL pretende realizar para contribuir com a diminuição das desigualdades, favorecendo o empoderamento feminino e melhorando a capacidade adaptativa frente aos impactos negativos da crise climática.

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