Justiça Climática: entenda o que significa

Ultimamente você deve ter ouvido falar mais sobre sobre Justiça Climática em conteúdos jornalísticos, estudos e pesquisas. O termo cada vez mais falado entre cientistas, pesquisadores, ativistas de movimentos socioambientais e jornalistas ainda é pouco conhecido na prática.
Foi apenas em 2015 que a JUSTIÇA CLIMÁTICA foi reconhecida no Acordo de Paris e formalmente pela Organização das Nações Unidas - ONU.
Primeiramente, quando falamos em Justiça Climática, estamos trazendo a perspectiva e dimensão humana da crise climática.
A dimensão humana é sobre quem sofre injustiça social, racial, étnica, de gênero já de forma histórica e, que por todos esses fatores, a coloca em vulnerabilidade. É sobre quem recai o maior sofrimento pelas mudanças climáticas e seus impactos. Ela exige reparação e justiça.
Por isso JUSTIÇA CLIMÁTICA…
A crise climática é mais um eixo de opressão. Ou seja, os eixos de opressão podem ser a raça, etnia, classe social, gênero, região geográfica, orientação sexual e muitos outros.
Como um eixo de opressão, os impactos da crise climática são ainda mais acentuados para mulheres negras, indígenas, quilombolas, de comunidades rurais, pesqueiras, marisqueiras, periféricas e moradoras de favelas.
Fatores ambientais e climáticos reforçam desigualdades já existentes e criam abismos de extrema marginalização para mulheres que fazem parte dessas intersecções.
Quando cada vez mais se sobrepõem os eixos de opressão como raça, etnia, classe, orientação sexual, origem geográfica, entre outros, mais excluída e invisibilizada a mulher se encontra dentro da sociedade.
Então, qual o conceito de Justiça Climática?
A justiça climática é um desdobramento da justiça ambiental, que evidencia os impactos desproporcionais das mudanças climáticas sobre determinados grupos sociais.
Os impactos climáticos são também impactos ambientais e podem ser analisados de acordo com a lógica da justiça ambiental aplicada ao clima.
A justiça climática propõe que as mudanças climáticas sejam analisadas e combatidas responsabilizando aqueles que efetivamente deram causa ao desequilíbrio constatado e que possuem mais condições de enfrentá-las - principalmente países e
empresas do Norte Global. Eles não podem compartilhar com os demais a responsabilidade pelos prejuízos e impactos das mudanças climáticas.
Nesse sentido, as medidas para conter as mudanças climáticas devem levar em consideração as desigualdades de condições que países e pessoas encontram para se defender dos impactos do aquecimento global, a necessidade de novas respostas e estruturas jurídicas e institucionais para garantir a efetividade dos direitos das pessoas vulnerabilizadas.
O movimento da justiça climática chama atenção para o fato de que mulheres e meninas, especialmente do Sul Global, compõem um dos grupos mais impactados. Elas sofrem com múltiplas desigualdades que devem ser analisadas sob a ótica da interseccionalidade.
A crise climática pode ser considerada mais um eixo de opressão que se soma
a questões ligadas à pobreza, educação, acesso a recursos naturais, violência sexual e muitos outros fatores que, sobrepostos, geram situações de profunda desigualdade.
Jornalista responsável:
Texto: Gisele Elis (*com informações do livro “Quem precisa de justiça climática no Brasil?”)